Primeiro Capítulo de
Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Artes e Educação Física
do Programa Internacional de Ensino Fundamental em Língua Portuguesa da
Capim Dourado Ensino & Pesquisa
Interligando as linguagens
A leitura da história em quadrinhos abaixo nos mostra uma situação de comunicação. Dois homens conversam sobre o fato de que alguém enviou uma mensagem escrita bastante longa, visto o número de pombos-correio que chegam até o local onde os dois estão. Pensando sobre essa situação, podemos dizer que as pessoas podem se comunicar de diversos modos, usando a fala, a escrita, as imagens (pinturas, desenhos, fotografias), os gestos ou o corpo. Isso ocorre porque todos nós, normalmente, temos o que dizer sobre nós mesmos, nosso próximo, bem como sobre as coisas do mundo, da natureza e da sociedade em que vivemos. Nesse sentido, muitas vezes, usamos a linguagem para informar, divertir ou convencer alguém a mudar de idéia. Como a linguagem faz parte do ser humano e das suas relações com o outro, tendo estreitas ligações com o poder, é preciso conhecer suas formas de expressão, por meio da fala e da escrita. É importante aprender a utilizar cada uma delas em uma sociedade de “letras”, “sons”, “imagens” e “gestos”. Esse conhecimento nos ajuda a conviver com nossos familiares, nossos colegas de trabalho e as demais pessoas que seguem conosco, mesmo estando longe no tempo e no espaço! Neste capítulo, você poderá reconhecer as linguagens (verbal, visual, audiovisual, gestual, corporal, matemática ou combinada) e verificar como elas se relacionam em situações de interação comunicativa, bem como distinguir seu uso, a fim de poder se posicionar criticamente diante delas. Nosso contato, nas próximas páginas, estará se desenvolvendo por meio de leitura, produção e análise de textos. Assim, prepare os sentidos, lápis, caneta e papel! Nosso processo de interação comunicativa já começou!
A LINGUAGEM VERBAL: ORAL E ESCRITA Já aconteceu a você ou a uma pessoa conhecida pegar o jornal e olhar o caderno de classificados de emprego? Deu para ver como anda o mercado de trabalho? Há mais vagas em determinadas profissões? Quais são as exigências dos empregadores? Como podemos fazer para nos candidatarmos a uma vaga de emprego que parece interessante?
PENSANDO SOBRE UMA SITUAÇÃO... Vamos considerar uma situação na qual uma pessoa tenta se colocar no mercado de trabalho. Em pequenas cidades ou vilas, ela pode conversar com vizinhos ou bater de porta em porta, perguntando se há vaga. Já nas grandes cidades, ela pode conseguir uma vaga, respondendo a anúncios publicados em jornais, pedindo para alguém indicá-la em uma firma ou, então, procurando uma agência de empregos.
PENSANDO SOBRE UMA SITUAÇÃO... Vamos considerar uma situação na qual uma pessoa tenta se colocar no mercado de trabalho. Em pequenas cidades ou vilas, ela pode conversar com vizinhos ou bater de porta em porta, perguntando se há vaga. Já nas grandes cidades, ela pode conseguir uma vaga, respondendo a anúncios publicados em jornais, pedindo para alguém indicá-la em uma firma ou, então, procurando uma agência de empregos.
VEJAMOS ALGUNS ANÚNCIOS CLASSIFICADOS
É possível que, ao ler cada um dos anúncios, a tal pessoa tenha notado que são exigidas algumas formas diferentes de resposta:
Assim, considerando esses tipos de “respostas”, leia o quadro a seguir:
Bem, independente da forma de resposta escolhida, as três maneiras de responder a um anúncio de emprego merecem um planejamento. É preciso pensar como organizar as informações a serem oferecidas ao futuro patrão, usando a língua escrita ou oral (fala). Como fazer isso? Se a resposta fosse para a vaga de “cortador”, a pessoa teria duas opções: enviar o currículo pelo correio ou então por e-mail. A questão é: há uma vaga de cortador. Pode ser que muitos estejam procurando tal oportunidade. Assim, em que a tecnologia poderia ajudá-lo?
A História do Brasil tem um exemplo bem interessante. Em 1500, a carta que Pero Vaz de Caminha escreveu sobre as belezas da nossa terra, dos nativos, dentre outras coisas, levou alguns meses para chegar ao rei de Portugal. Hoje, com o avanço da tecnologia, levamos segundos para enviar uma mensagem aos quatro cantos do mundo, via Internet! Desse modo, qual a finalidade da indicação de um endereço eletrônico em determinados anúncios? O que tal atitude poderia nos mostrar?
Como sabemos, a linguagem verbal é uma característica da espécie humana. Ela é composta por um conjunto de palavras (elementos verbais; signos verbais) por meio do qual falamos, ouvimos, lemos e escrevemos. No nosso caso do anúncio de emprego, esses modos de expressão se dão pela língua portuguesa, e cabe a nós a análise do contexto de produção dessas modalidades, das possíveis intenções do empregador. Devemos decidir qual caminho seguir. Afinal, a linguagem verbal e suas modalidades (escrita ou oral) estão presentes em nosso dia-a-dia, em nosso trabalho, e podem ser usadas para informar, conhecer, expressar desejos e sentimentos, conseguir o que pretendemos e muito mais! Enfim, cada situação de comunicação envolve pessoas (um “eu” e um “tu”), com seus modos de entender a vida, seus interesses, suas necessidades, suas intenções. Por isso, ao lermos, ao escrevermos, ao falarmos, ao ouvirmos, demonstramos intenções e (re)construímos os sentidos das coisas do mundo.
Como sabemos, a linguagem verbal é uma característica da espécie humana. Ela é composta por um conjunto de palavras (elementos verbais; signos verbais) por meio do qual falamos, ouvimos, lemos e escrevemos. No nosso caso do anúncio de emprego, esses modos de expressão se dão pela língua portuguesa, e cabe a nós a análise do contexto de produção dessas modalidades, das possíveis intenções do empregador. Devemos decidir qual caminho seguir. Afinal, a linguagem verbal e suas modalidades (escrita ou oral) estão presentes em nosso dia-a-dia, em nosso trabalho, e podem ser usadas para informar, conhecer, expressar desejos e sentimentos, conseguir o que pretendemos e muito mais! Enfim, cada situação de comunicação envolve pessoas (um “eu” e um “tu”), com seus modos de entender a vida, seus interesses, suas necessidades, suas intenções. Por isso, ao lermos, ao escrevermos, ao falarmos, ao ouvirmos, demonstramos intenções e (re)construímos os sentidos das coisas do mundo.
LINGUAGENS E FORMAS DE EXPRESSÃO
Já sabemos que o ser humano usa diferentes linguagens e formas de expressão para mostrar o que sente, como vê o mundo ou para registrar o dia-a-dia. Essas linguagens e formas de expressão muitas vezes são combinadas para facilitar nossa compreensão.
REFLETINDO...
Já sabemos que há pontos importantes que ajudam a organizar uma conversa ou um texto escrito. Mas o ser humano vive só de linguagem verbal? Não dá para esquecer a relação entre a linguagem verbal e as outras linguagens. Essa relação é encontrada em diferentes formas de expressão! Em que lugar entra o desenho, a pintura, a história em quadrinhos, a fotografia, os filmes e os vídeos, a telenovela, a dança, a mímica, as peças de teatro...? Muitas são as linguagens inventadas pelo ser humano para se expressar, comunicar-se, interagir, atingir o outro, seu parceiro na situação de comunicação, de interação e de vida. Além dos exemplos expostos na atividade anterior, pense em outros... Converse com seus amigos sobre a combinação de linguagens utilizada nas artes que tanto nos fascinam!
DISTINGUINDO OS RECURSOS DAS LINGUAGENS
O homem age pela linguagem em diversas situações. Por exemplo: na feira, gritando as mercadorias aos fregueses – “Olha a abobrinha, dona Aninha!!!!”; no trabalho, escrevendo relatórios para seu chefe. Vamos, então, ler juntos alguns tipos de textos e verificar a finalidade deles, ou seja, para que foram usados e que recursos foram empregados na composição, a fim de podermos distinguir cada um deles em qualquer situação de comunicação.
PARA EXPLICAR, É SÓ COMEÇAR!
Você já deve ter vivido essa situação em algum momento de sua vida. Sabia que, ao fazê-lo, você estava pedindo para seu interlocutor usar a linguagem para explicar a própria linguagem? Vejamos outros exemplos. Você já ouviu falar dos textos curtos, postos em forma de colunas, no dicionário, e que se chamam verbetes? O texto A, a seguir, é um exemplo dessa espécie de texto.
É isso mesmo. Você acertou se disse que a finalidade é definir uma palavra da Língua Portuguesa, no caso, “auê”, usando para isso outras palavras de nossa língua. E que recursos de nossa língua confirmam tal finalidade? Esse verbete de dicionário apresenta, logo no início, as abreviaturas “s.m.”, que querem dizer substantivo masculino; em seguida, apresentam-se alguns significados da expressão “auê” e um exemplo de seu uso, além da indicação para ver o sinônimo e o antônimo da palavra “confusão”. A linguagem utilizada é bem resumida e objetiva, com frases curtas e sem adjetivos. O autor busca oferecer somente informações precisas ao longo do texto.
Qual a finalidade da legenda posta abaixo da imagem fotográfica? Ela pode ajudar a esclarecer onde ocorreu o fato ou a explicar o que aconteceu em determinado lugar e quem se responsabilizou pela situação. De qualquer modo, a linguagem verbal escrita da legenda e a linguagem visual da foto juntas compõem um texto pleno de significação.
• Que recursos de linguagem foram usados? Temos a combinação da linguagem visual com a verbal, no caso, fotografia e legenda. Na legenda, costuma aparecer, em negrito, uma palavra que resume a situação apresentada; por exemplo: Destruição. Esta palavra é seguida de um texto também resumido, escrito em um tipo de letra chamado itálico: “A explosão, na movimentada Rua Jaffa, foi assumida pelo grupo Brigadas dos Mártires de Al-Agsa”.
PARA EXPRIMIR SENTIMENTOS É SÓ SONHAR
Vamos ler o texto A a seguir. Observe o destaque que os autores deram para algumas letras no título e para os dois versos escritos inteiramente com letras maiúsculas. Que idéia pretendiam nos oferecer?
Ao analisarmos a música “Desculpe o auê”, de Rita Lee, grande intérprete da música brasileira, verificamos que os autores tinham por finalidade exprimir os sentimentos e as emoções de uma pessoa em relação a um fato determinado: uma briga por motivo de ciúme. Possivelmente, deve ter sido por isso que usaram letras, em tamanhos diferentes, no título e em dois versos, como que destacando essas idéias. E os recursos de linguagem? Na música, combinamos várias linguagens e formas de expressão: verbal escrita (letra do texto), verbal oral cantada (quando a Rita canta a música e a banda acompanha) e a sonora/musical (arranjos melódicos). Tanto é assim, que, na canção, temos uma combinação da forma e do conteúdo, do sentido e do ritmo das palavras, formando, com o uso de versos curtos, o tom bastante pessoal do auê “cantado”. Repare como a pessoa que canta ao longo do texto exprime o que sente, mostrando emoção! Olhe o emprego dos pronomes de primeira pessoa “eu”, “me”, “meu”, “nosso”; o emprego dos verbos também na primeira pessoa “queria”, “fiz”, “perdi”, “mando”, e o emprego da pontuação (vírgula e ponto de exclamação). Esses são recursos que, usados adequadamente, enriquecem e fortalecem a expressão do eu.
ESCREVENDO TEXTOS
Você já escreveu uma carta ou um bilhete de amor? Que tal usar os recursos de linguagem que comentamos e escrever um texto bem “caloroso” para alguém que desperta em você “fortes emoções”?
PARA EXPOR IDÉIAS, É SÓ EXPERIMENTAR!
Profissionalmente ou como estudantes, as pessoas escrevem relatórios de vários tipos: administrativo, de estágio, de experimentos em Ciências etc. Leia os trechos do relatório a seguir e observe o sentido das expressões grifadas; elas indicam as ações, os sentimentos e as expectativas de seu autor diante do assunto apresentado, porém, de modo muito diferente da carta ou do bilhete que você escreveu.
RELATÓRIO DE EXPERIMENTO EM CIÊNCIAS
Na aula de Ciências, eu e meu grupo levamos uma garrafa com água, dois potinhos de tintas de cores diferentes, três cravos, uma tesoura e quatro copos. Nós colocamos um pouquinho de tinta de cor diferente em cada um dos copos. (...) Depois, juntamos um pouco de água (...). Em seguida, cortamos ao meio o talo de uma flor. Ela ficou com duas perninhas. As outras duas ficaram do mesmo jeito. Pegamos a flor de talo cortado e colocamos metade do talo em um copo com água de uma cor e a outra metade no outro copo com a outra cor. As flores que estavam com o talo inteiro, sem cortes, nós pusemos uma em cada um dos outros copos. Deixamos os copos na escola e fomos para casa. No dia seguinte, observamos que a cor das pétalas das flores tinham ficado da mesma cor da água do copo no qual estavam. A flor que teve seu talo dividido em dois copos, com água colorida em cores diferentes, ficaram com duas cores. As flores que não tiveram os talos cortados ficaram de uma cor só. É porque as flores têm veias que levam a água desde o talo até cada pedacinho das pétalas. Foi bem interessante essa experiência. (...) Esse é o meu relatório da experiência de Ciências.
Belém, 3 de junho de 2002. Rodrigo da Silva Luzia (6ª série A, nº 28.) - (Texto autêntico)
REALIDADE, PALAVRAS, IMAGEM E AÇÃO
Olha só a linguagem dando forma e movimento à imaginação... UUUHHHH! – Os ventos balançam as árvores e os homens pré-históricos tentam imitar cada um dos sons ouvidos. Conta-se que eles viam, por exemplo, sua família e animais correndo pelo campo e tinham a idéia de pintar ‘suas visões’, com seiva de plantas. Dizem que as primeiras imagens de animais, objetos e acontecimentos datam de 20.000 a.C. OOHHHH! – Um pessoa com um livro aberto sobre o colo começa a ler: “Era uma vez, em um castelo distante, um rei e uma rainha...” . Todos que estão ao redor dela ouvem fascinados, com olhos brilhantes, e se põem a imaginar a história contada. CLIC! – Com uma caixa preta e um jogo de luzes, o homem “prende” a imagem no papel. O mundo, de boca aberta, vê surgir a fotografia em preto e branco e, depois, a colorida. ZUUMMM! – De foto em foto, postas seqüencialmente, a imagem “presa” no papel ganha movimento. Surge o cinema mudo. Depois, com a introdução do som e das vozes, o cinema falado nos hipnotiza. CLIC...ZUM! – E, por fim, surge a caixa com imagens em movimento, com falas e tudo mais. Na tela, aparece a vila, a cidade, o país, o mundo. A televisão invade os lares de quase todos os povos. Refletindo sobre essa seqüência, podemos pensar como o homem, a partir de determinados objetivos, necessidades e interesses, foi usando a imaginação para criar linguagens ou formas de comunicação, de expressão e de interação. Graças a algumas invenções, a nossa relação com as pessoas e com o meio ambiente foi se transformando e afetando muitos aspectos de nossas vidas. Vamos refletir um pouco.
Você já parou para pensar quantas horas por dia as pessoas vêem TV? Pesquisas feitas indicam que as pessoas vêem TV por mais de três horas. Assim, ao refletirmos sobre a influência da TV na vida das pessoas, acabamos por pensar sobre a qualidade da programação (novelas, telejornais, desenhos animados, documentários, espetáculos sensacionalistas, programas de auditório, filmes etc.) que é veiculada por esse meio de comunicação. Como há alguns programas bons e outros muito ruins, quer dizer que poderíamos pedir para que mudassem a programação ou melhorassem sua qualidade? Considerando que, para alguns de nós, a TV é um meio de diversão, de entretenimento, um “lugar” onde conseguimos saber as últimas notícias e quase todas as novidades do Brasil e do mundo, é preciso saber avaliar os textos que nos chegam! Essa atitude pode nos transformar em espectadores cidadãos e não em simples consumidores. Por isso, precisamos aprender a “ler a imagem que é passada pela televisão” e não apenas assistir a ela, passivamente. Daí ser necessário relembrarmos os pontos principais do contexto de produção e os recursos da linguagem utilizados para atingir uma finalidade, bem como experimentarmos análises e reflexões sobre a programação da TV.
REFLEXÃO - PARTICIPANDO DE LONGE, MAS TÃO PERTO!
Dentre as muitas formas de participação na programação da TV que já vêm ocorrendo, temos a do controle remoto. Por exemplo, uma pessoa chega cansada em casa, liga a TV para saber das últimas notícias. Põe na Rede Brasil, na Globo. Depois pula para o SBT, a TV Senado; vai para a Record, a MTV, a Rede Vida; passa para...
Ao assistir à TV, é comum a pessoa ir trocando de emissora até achar aquela que mais lhe agrada. Tal comportamento mostra que, de uma certa forma, ela está escolhendo a programação! Claro que é uma programação determinada pelas emissoras, mas... Essa nossa escolha de programa na TV aberta, comercial, via controle remoto, mexe com a audiência, com os números do IBOPE! São esses números que indicam para as emissoras e seus anunciantes se estão agradando ou não? Pois é! Se não estiverem satisfazendo o público, mudam a programação, porque precisam do telespectador que tem o poder de comprar bens materiais, certos tipos de serviços. Uma das relações que temos com a TV envolve economia, consumo! Se a programação está dando IBOPE, os anunciantes vendem seus produtos, seus serviços! Diante disso, é preciso saber avaliar criticamente as propagandas ou os anúncios que são veiculados entre um e outro capítulo da novela, nos intervalos dos telejornais, enfim, durante a programação. Você pergunta como? Em um anúncio temos a imagem, o som, as palavras e muitos outros elementos. Embora não dê para pormos neste fascículo as imagens em movimento com boa parte desses elementos, dá para lembrarmos de alguma propaganda na telinha. Ao pensarmos sobre o tipo de consumidor que o anunciante quer atingir, devemos refletir sobre quais suas reais intenções e que tipo de necessidade ele quer criar na gente.
IMAGINANDO E ANALISANDO TEXTO
Vá imaginando... Cena 1 — Uma família: pai, mãe, filha e filho entram sorridentes em uma cozinha, com uma mesa posta para café da manhã com pães e bolos. A janela está aberta e é possível ver o sol brilhando lá fora. De fundo, ouvimos uma canção suave.
Cena 2 — A câmera focaliza o fogão e mostra uma chaleira ‘assobiando’, indicando que a água já está quentinha para a mãe fazer o café.
Cena 3 — O pai vai até o armário, pega um pote dourado e leva-o para mesa. Nisso, algumas abelhinhas amarelo-ouro sobrevoam o pote e os pães que estão em uma cestinha, em cima da mesa. Por fim, elas saem pela janela em direção ao sol.
Cena 4 — A mãe põe o bule de café ao lado da caneca de leite. Os filhos olham com carinhas de gulosos para o pote dourado e os pães. O pai abre o pote, pega uma faca e, lentamente, a câmera focaliza o creme amarelo-ouro, deslizante. Cena 5 — As abelhinhas retornam (sol - pote) e formam o nome do produto: “MANTEIGA MEL DE OURO”. Ao fundo, um voz feminina, suave e gostosa diz: “A sua família merece uma manteiga saborosa e saudável!”.
Pelo resumo das cenas, você conseguiu imaginar a seqüência de imagens, de cores, de assobios, de zumbidos e de gestos que desfilaram ao som da trilha musical suave?
A linguagem desse comercial é uma combinação de várias linguagens que cria em nós a sensação de pureza, de união familiar e de segurança, levando-nos a desejar “aquela” vida saudável misturada com a natureza (sol, abelhas...). Fica fácil para você dizer a quem se destina esse anúncio publicitário de manteiga? Qual teria sido a real intenção do autor dessa propaganda veiculada pela TV?
Possivelmente, esse anúncio está endereçado às pessoas que respondem por uma família, que se preocupam com o bem estar de seus filhos. Quanto à intenção, que tal comprar um pote de manteiga Mel de Ouro? Será que ela é mesmo menos prejudicial à saúde que uma margarina vegetal?
É complicado identificar as linguagens na TV, (re)construir os sentidos adequados à situação e às intenções do autor? Calma! Aos poucos, você vai vendo o modo como as linguagens são usadas, vai ampliando o olhar e lendo criticamente toda a programação!
Cena 2 — A câmera focaliza o fogão e mostra uma chaleira ‘assobiando’, indicando que a água já está quentinha para a mãe fazer o café.
Cena 3 — O pai vai até o armário, pega um pote dourado e leva-o para mesa. Nisso, algumas abelhinhas amarelo-ouro sobrevoam o pote e os pães que estão em uma cestinha, em cima da mesa. Por fim, elas saem pela janela em direção ao sol.
Cena 4 — A mãe põe o bule de café ao lado da caneca de leite. Os filhos olham com carinhas de gulosos para o pote dourado e os pães. O pai abre o pote, pega uma faca e, lentamente, a câmera focaliza o creme amarelo-ouro, deslizante. Cena 5 — As abelhinhas retornam (sol - pote) e formam o nome do produto: “MANTEIGA MEL DE OURO”. Ao fundo, um voz feminina, suave e gostosa diz: “A sua família merece uma manteiga saborosa e saudável!”.
Pelo resumo das cenas, você conseguiu imaginar a seqüência de imagens, de cores, de assobios, de zumbidos e de gestos que desfilaram ao som da trilha musical suave?
A linguagem desse comercial é uma combinação de várias linguagens que cria em nós a sensação de pureza, de união familiar e de segurança, levando-nos a desejar “aquela” vida saudável misturada com a natureza (sol, abelhas...). Fica fácil para você dizer a quem se destina esse anúncio publicitário de manteiga? Qual teria sido a real intenção do autor dessa propaganda veiculada pela TV?
Possivelmente, esse anúncio está endereçado às pessoas que respondem por uma família, que se preocupam com o bem estar de seus filhos. Quanto à intenção, que tal comprar um pote de manteiga Mel de Ouro? Será que ela é mesmo menos prejudicial à saúde que uma margarina vegetal?
É complicado identificar as linguagens na TV, (re)construir os sentidos adequados à situação e às intenções do autor? Calma! Aos poucos, você vai vendo o modo como as linguagens são usadas, vai ampliando o olhar e lendo criticamente toda a programação!
REALIZANDO O ESPETÁCULO
Você já deve ter visto a programação da TV apresentada pelos jornais e revistas impressos ou pelos programas de rádio. A que as pessoas têm assistido? Às novelas, aos filmes, aos telejornais, aos jogos de futebol, aos debates, aos programas de auditório ou aos reality shows?
Pode ser que sua resposta seja: ao futebol, às novelas ou, então, aos programas de auditório, à Casa dos Artistas ou ao Big Brother Brasil! Além de querer estar na “telinha”, nos programas de auditório, parece que o Brasil e o mundo têm uma nova mania – “espiar” a vida alheia, via televisão! Os programas Casa dos Artistas e Big Brother Brasil são chamados de reality shows. Neles, são transmitidos, ao vivo, sem edição, os acontecimentos do dia-a-dia de um grupo de pessoas preso em uma casa. Já imaginou você numa situação parecida com a desse pessoal, sendo vigiado por câmeras por todos os lados? Apesar desse tipo de programa ser um modismo, pense sobre a situação.
• Quem é o autor desses programas? A quem eles são destinados? O que tem por detrás das cenas oferecidas diariamente? Será que os programas de auditório seguem o mesmo ‘jeitão’?
Pode ser que sua resposta seja: ao futebol, às novelas ou, então, aos programas de auditório, à Casa dos Artistas ou ao Big Brother Brasil! Além de querer estar na “telinha”, nos programas de auditório, parece que o Brasil e o mundo têm uma nova mania – “espiar” a vida alheia, via televisão! Os programas Casa dos Artistas e Big Brother Brasil são chamados de reality shows. Neles, são transmitidos, ao vivo, sem edição, os acontecimentos do dia-a-dia de um grupo de pessoas preso em uma casa. Já imaginou você numa situação parecida com a desse pessoal, sendo vigiado por câmeras por todos os lados? Apesar desse tipo de programa ser um modismo, pense sobre a situação.
• Quem é o autor desses programas? A quem eles são destinados? O que tem por detrás das cenas oferecidas diariamente? Será que os programas de auditório seguem o mesmo ‘jeitão’?
LENDO E ESCREVENDO TEXTOS
Reflita sobre as afirmações do professor de Ética, Eugênio Bucci e dê sua opinião a respeito do tema tratado por ele.
Sobre o modo de falar, é interessante conhecer o ponto de vista do crítico de TV Eugênio Bucci.
Ele diz que: “quem faz papel de nordestino [na TV] é quase sempre um carioca. (...) No horário nobre, o “nordestinês” falsificado, cheio de facilitações (...) substituiu os sotaques nordestinos autênticos e, no mesmo movimento, cassou aos nordestinos o direito de aparecer na TV. (...) Como cassou o direito à voz dos caipiras. Se há um som que é banido do entretenimento chique no nosso país, esse som é o “erre” dos caipiras. (...) A fala do interiorzão de São Paulo, de parte de Minas, do Paraná, essa fala é emudecida pela TV, é uma minoria política, é perseguida como se fosse a própria mula-sem-cabeça. (...) Correntemente, a TV quer eliminar o fatídico “erre” do rude e doloroso idioma. Quer mantê-lo apenas como curiosidade remota, como a moda de viola, o bicho-depé, o fumo-de-rolo, os bailes de Ituverava. Você nunca viu um apresentador de telejornal do meio-dia que, em vez de emitir seu “boa tahrhde” aspiradamente acariocado, espremesse dos lábios um “tarrrdê” acaipirado. Dificilmente verá. Assim como dificilmente verá um nordestino curtido e seco, genuíno, cerrando os olhos no papel de galã. Você os verá como os vê, nos programas humorísticos, passando por bobalhões que não percebem a malícia dos inimigos que lhes cobiçam as mulheres, você os verá em funções subalternas, melancólicas, você os verá como vê os animais em extinção. (...) Na TV, o banimento dos sotaques corresponde ao banimento das diferenças no ideal de Brasil integrado. O Brasil que idolatramos é um Brasil de mentira.”
BUCCI, Eugênio. Sotaques desterrados. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2 jun. 2002. TVFolha, p.2.
ESCREVENDO TEXTOS
A linguagem diz muito e revela várias características de um grupo de pessoas, seus valores, suas crenças, suas manias. Por isso, que tal escrever uma carta para a produção da novela que você observou ou para alguma revista pedindo um espaço para discussão? Discuta o modo de falar das personagens e comente como é importante a variação da linguagem em situações reais de interação comunicativa.
A RÁDIO EJA ESTÁ NO AAARRRRRRR!
Às vezes, sentimo-nos sozinhos em casa, no trem, no ônibus, no carro e aí ligamos o rádio! A voz do apresentador que nos fala torna-se nossa companhia. Entramos de corpo e alma na programação radiofônica e, sem ao menos esperarmos, começamos a cantarolar, batucar levemente e sorrir! As emissoras de rádio usam e abusam da linguagem oral, não é mesmo? Você sabia que freqüentemente o texto que ouvimos durante a programação do rádio é escrito antecipadamente e até as engasgadas do nosso apresentador preferido são previstas para o discurso dele? Vamos confirmar!
Combine com um colega a audição de trechos de programas de duas emissoras. Procure reparar se a linguagem flui normalmente ou se é quebrada, pausada. Observe se as expressões usadas pelo(s) apresentador(es) dos programas fazem parte do seu dia-a-dia ou se são mais trabalhadas. Depois, pense sobre quem organizou a programação e procure compreender como tal profissional deve ter imaginado o público ouvinte dos programas de modo geral. Procure imaginar a idade das pessoas que compõem esse público, até que ano elas estudaram e outras características que você achar importantes. Como garantir a qualidade da programação de uma emissora de rádio? Escreva para a emissora dando sua opinião sobre a programação, considerando o trabalho que você fez com seu colega ou então telefone para o apresentador de seu programa favorito e sugira assuntos que possam ser de interesse das pessoas de sua idade. Você deve ouvir as notícias do dia, não é? As informações oferecidas têm qualidade, são dadas totalmente ou você nota que alguém, talvez o jornalista, deve ter selecionado alguns aspectos da matéria antes de levá-la ao ar? Não haveria aí uma atitude premeditada? Pense sobre isso e discuta com algum colega!
NAVEGAR OU DAR UMA OLHADA
Imagine a seguinte situação: Uma pessoa diz que, na prova final de um curso que você está fazendo, cairá uma questão sobre textos de livros, jornais ou revistas impressos e textos que aparecem na tela de computador! O que você faz? Se você pensou em selecionar livros, jornais e revistas para examinar que tipos de textos eles trazem, já é parte de um caminho. Depois, que tal dar uma olhada nos hipertextos de uma página da Internet como a do exemplo ao lado? Há semelhanças entre todos os textos que você analisou? Após tal exame, você deve ter concluído que alguns textos são impressos em livros, jornais e revistas; outros são apresentados em meio eletrônico, como na tela de um computador. Que tal identificar as características de cada um deles no teste a seguir e tirar mais conclusões? É hora de teste!
Fim de Capítulo
Você sabe que a utilização da linguagem é uma das características do ser humano. Por meio dela, é possível representar, interpretar as coisas do mundo, os fatos, os acontecimentos, os sentimentos, as ações e as reações dos seres vivos. Você também sabe que, quando se combinam sons, cores, imagens e gestos, expressão corporal, a linguagem adquire vários aspectos: verbal, visual, gestual, corporal. Você já sabe também que a linguagem faz parte de um processo de interação comunicativa entre duas ou mais pessoas (interlocutores) e que elas podem usá-la ora para expressar o mundo, suas emoções, ora para mostrar ou ocultar suas reais intenções, ora para envolver, modificar e/ou formar a opinião do outro. Você sabe que as novas tecnologias estão aí e as formas de interação comunicativa, os conhecimentos Figura 4 (L — Linguagem usada): combinada – visual e verbal; (E — forma de expressão utilizada): imagem fotográfica e escrita Figura 5 (L): combinada – audiovisual, verbal; (E) combinada – oral/falada + televisiva e escrita Figura 6 (L): combinada – verbal, matemática; (E): combinada – escrita, geométrica e numérica Figura 7 (L): combinada – corporal e sonora; (E) combinada – dança e musical Conferindo seu conhecimento 1 acumulados e todas as outras formas de expressão humanas estão em transformação. Como conseqüência disso, as coisas ao nosso redor, o pessoal de nosso grupo de convivência, nós mais toda a sociedade estamos nos transformando! Assim, as novas tecnologias pedem novas formas de comunicação, de interação, de conhecer o mundo e os outros. Diante de tudo isso, esperamos que você seja capaz de reconhecer e saber usar tanto as linguagens quanto as tecnologias; de verificar como se integram e de distinguir seu uso em situações de interação comunicativa, tendo em vista um objetivo: o de que você possa intervir, solidariamente, na realidade, respeitando a si mesmo, ao próximo, ao meio ambiente e tornando, dessa forma, a vida em sociedade mais humana e feliz.
ORIENTAÇÃO FINAL
Para saber se você compreendeu bem o que está apresentado neste capítulo, verifique se está apto a demonstrar que é capaz de:
• Reconhecer as linguagens como elementos integradores dos sistemas de comunicação.
• Distinguir os diferentes recursos das linguagens, utilizados em diferentes sistemas de comunicação e informação.
• Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais e do mundo do trabalho.
• Relacionar informações sobre os sistemas de comunicação e informação, considerando sua função social.
• Posicionar-se criticamente sobre os usos sociais que se fazem das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
• Reconhecer as linguagens como elementos integradores dos sistemas de comunicação.
• Distinguir os diferentes recursos das linguagens, utilizados em diferentes sistemas de comunicação e informação.
• Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais e do mundo do trabalho.
• Relacionar informações sobre os sistemas de comunicação e informação, considerando sua função social.
• Posicionar-se criticamente sobre os usos sociais que se fazem das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.